110-TEMPESTADE
Todas as minhas palavras foram distorcidas, retorcidas, mastigadas, incompreendidas.
Isso é poesia ou a vida que é mesmo ingrata?
Poderia haver vida em outros versos, pelo inverso desse universo diverso, por que tudo deriva da antítese matéria-vácuo?
Se os poetas fossem loucos o mundo seria normal?
Todas as ideias mais caras foram esquecidas, rebatidas, mal interpretadas.
Será mesmo que isso importa?
As melhores coisas da vida estão distantes ou isso é só ilusão?
Desequilibrei tantas vezes na corda bamba, mas sempre caio no samba em todo carnaval.
Se todos procuram um par por instinto por que as melhores ideias se aquecem, fermentam e borbulham na frialdade da mais completa solidão?
Procuro retidão mas, me perco em suas curvas.
Olho para o horizonte mais longínquo e não consigo fugir do labirinto enigmático dos seus olhos radiantes.
Parece próxima longe e longe próxima.
Não sei mais se quero prisão ou liberdade, mesmo sabendo que ninguém de fato é livre.
Será que já fui um pensador ou um simples passavante avante em paços desérticos, incertos, de parcos passos sem primadonna nessa orquestra sem fim?
O céu pelo qual me empenho estará disposto a se abrir ou a tempestade inundará mais ainda esse naufrágio?
Tudo um dia foi frágil. A força não existe em definitivo, por si, é uma mera obra em transição molecular.
a melhor obra-prima não superará a naturalidade da imperfeição que se auto-transforma em valquírias belas sem nenhum Designer invisível, facínora, fascista, onipotente-ciente-presente daquilo que jamais controlaria.
Esta noite assisti, na grande Ragnarok, à morte de Odin, Dion e Théo, nos negros campos do Valhala.
Se o universo fosse criado por Lugh tudo seria poesia?
O olhar de uma guria pararia o mundo?
Ateu Poeta
07/02/2011
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