sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Livo A Flor do Samba

A flor do samba

Poesias

CAPA:
Ateu Poeta

Ateu Poeta/ Aroldo Historiador/ Amadeu Nuvem

1
A FLOR DO SAMBA

A flor do samba se foi
Para sempre
Um mar de lágrimas
Afogou o meu coração

Grito de dor
Semeado na mente
Estrela que brilha
Enquanto houver canção

Ateu Poeta
01/05/2019

2
155-PLUMAS DE PAPEL

A poesia é a propagação de mim
Propaganda de minh'almafrasinacabada
Compondo-me em Anjo Tinteiro
Fração do homem derradeiro que fui
Armadura de sonhos e plumas de papel visto

A naufragar pelo Céu dum âmago de teu olhar
A fim de mensurar semblantes simbolistas
Dentre os quais o teu é paisagista

Canto para acalanto simbolpaisagparnassurrealromantiarcadiconstrufuturmetafisiccubluminexprecimprecpremoderndadaindinacsaldrealnaturalbarrocondoreirístico cansado de voar

Quero emancipar meu alfabetfilamento
Sobre o sabor amargo do saberincandescente
Rasante veredcachoeira
Afogo o mar-medmortcaspidvermelho
No oceano Pacífico do transeunte navegador
Lanço lanças ao mundo
Lenços leves feridos nas mãos d'indigentes
I e Ê, migrantes

Lanternas atingem aos moradores da Noitignorância
Sou um deles a vagar pelos dias
Armado pelo quente amor duma caneta vazia d'arrogância

Ateu Poeta
23/03/2008

3
161-LA VIRTUDE CROMUS

Nada sem símbolos saberei
A análise cognata gera esperança em melodrama juvenil
Ignorância profunda no advento da razão mais pura
Além do sentir imanente a leis verossímeis
Simbiose aparametral de silício
Reflexos perante complexos anexos à ideologias seculares
Parametafísica dialética sociopolítica
Numismática ideológica do desejo
Quanto pesa o pensamento perenemente incontinente?

Ateu Poeta
2008

4
160-PIRACEMA

Arte, alopatia sem destino
Retriz, desatino semântico a romper-me lalíngua
Minha mente dói
Mente para acalanto inútil
Acorde soporífero
Idiossincrasia
Sons sapateiam esbelto mar
Piracema
Pindorama
Cassorotiba
Içá 
Cassico
Alçar voo sem titubear

Ateu Poeta
03/10/2007

5
ECO NOTURNO

Olho para o escuro 
Tentando enxergar o invisível que nele se esconde 
E só me surgem os versos Meirelianos 
"Onde?"

Ateu Poeta
11/10/2007

6
CAOS

A personagem central
Em sua nudez esquecida
Travestida de nu
Estatuária miragem da metáfora

Onze caos bailantes ao redor de si
Passos seguros
Quase imperceptíveis
Por tamanha lentidão

Não seria melhor por uma estátua
No lugar da atriz?
A peça que dá sentido à peça

Mal chama a atenção da platéia
Nada que impeça a crítica aos tempos atuais
Numa linguagem sem idioma

Ateu Poeta
11/03/2008

7
DICOTOMIA

Uma ruiva de verde na escuridão imensa
Parapsicologia dum balet mais puro
Transcendental
Epilepsia contrastante ao piano

Planos tricolores em verde, vermelho e azul
Batida eletro-contagiante
Seria a cruz proposital?
Balarina-marionete ou musa sonhadora?

Efeitos simples e precisos, preciosos
Jogo luminoso e sonoro da razão confusa
Sonho difuso na ficção teatral

Treze vagalumes-sapiens que a platéia adora
Enverdiaram minha mente ausente de maneira tal
Que o víride a mim se fez imanente

Ateu Poeta
11/03/2008

8
EUGLENA

A vida é higiene natural
Movimento
Batalha por essência
Defeito universal
Decadência
Inerência à força
Transcendência
Antítese da estagnada perfeição
Desequilíbrio em cadeia
Ação e cadência
Ciclo de maquinários evolucionais

Ateu Poeta
11/03/2008

9
ÍRIS

Haverá o pecado perfeito
Neste mundo errante
Bipassionalismo ou variante
Arrasante
Arrasadores rastros em alto-relevo
Que relevem o Realismo
Revelando racionalismo
No rasante pouso do luar?
Quem dera, no momento 
Em teus mares oculares mergulhar
Sentindo a maresia incessante
Das safiras caras!
Denominas íris
Por que não diamantes?
Tratará o tempo, talvez
De nos incorporar
Ao construtivismo do arrebol?
És aliteração do Sol
O anil de meu sonhar
A fantasia de minh’alma
A canção do meu pensar

Ateu Poeta
20/08/2005

10
QUANDO O MEU CORPO FOR AURORA

Seremos História um dia
Reminiscências de quem nos inventou nas laudas vastas de cada filamento inspirado
De homens em personagens do escritor empenhado nos falsificará a caneta alquimista
Figuras mistas de mistérios sub-desvendados séculos afora
Quando o meu corpo for aurora, quem sabe parte de mim seja banhada por lágrimas salinas enquanto meus raios luminosos encandeiam minha própria escuridão
Sou o Universo em expansão, mescla de tantos outros quanto existirem

Serei maior do que a síntese de agora, esse corpo me engana ao prender-me à essa consciência que em mim aflora
Estarei livre como outrora, antes de viver
Vida e morte se irmanam, como nunca vou saber, num ciclo que transforma matéria bruta em ser
Esse eu que avisto é um equívoco que habita em mim
Por que sinto que sou tudo se não sei nada fora desse ser pensante, minha infinda divisão, habitante do pensamento, que se opõe à liberdade tardia?
Amanhece, outro ilusório dia, nesse tempo irreal, da noite, que me irradia

Ateu Poeta
11/12/2007

11 
RETORNO DE UM POETA

Que fazer de um pintor sem dom
Cantor sem tom
Jogador nem bom?

Sonhar será talvez 
A sina 
Deste escritor
Criador
Difusor?

A escuridão
EXPLODE

Num sussurro...
Murro...
Ou, quem sabe, um urro?

ACORDO

Sem Acordo!

Volto a dormir, 
Na melodia de um acorde...

ACORDE!

Um Corte
Na CORTE

Um golpe de luz me força

Retorno à vida 
Sem fazer força

Ateu Poeta
2004

12
PARTITURA D'AMORE

Nêga, não nega que me ama
Tua gana chama
Engana
Deixe que decifre as cifras nas sinfonias do seu dançante
corpo-chama
Sê minh'ama
Cabelos belos pelos ares em esvoaçante elo
Olhar ufanista de dama que na pureza doma desprovido de
chama, redoma
Os braços meus querem fazer laço no aconchego meigo de
seu diamantino regaço
Sendo radiante sombra a cada passo
Feito passavante sigo avante em descompasso
Um compasso de paços a sorrir num perfeito arrebol
Perpasso
Caço abrigo ao Sol duma valsa prima
Careço seu afeto tal qual prematuro feto
Porém, a confiança suprema toma conta de meu ser por
inteiro
Vivo o intenso momento que se alça
Nem me preocupa ser o primeiro ou derradeiro
Desfruto do êxtase verdadeiro

Ateu Poeta
11/07/2007

13
SE

Se o rei fosse o curinga
Poderíamos desmascarar a graça da existência?
Se o império pertencesse ao trovador
As canções de amor dominariam os continentes?
Se em vez de cantar as mazelas do mundo
Eu almejasse a beleza nos olhos de Aline
E me rendesse às nereides tentadoras
Será que isso me bastaria?
Se os gladiadores dominassem todas as armas
Na política só tivessem boêmios
Todas as questões diplomáticas
Seriam resolvidas no punho da espada?
Se eu não fosse ateu
Só neste ano aceitaria a Teoria da Evolução?
Mas, se a vida fosse um teatro escrito
Num poema Drummondiano
Interpretado por Paulo Autran
Quem sabe houvesse razão
No poder in natura
E uma última flor amarela germinaria
No jardim dos intelectuais
E um sorriso de moça
Regeria o universo
Ninguém careceria de meus versos
Para ser feliz

Ateu Poeta
19/10/2008

14
INTIMISMO

Nunca me apaixonei de fato
Adoro todas
Sem adorar nenhuma
Dentre os perfis mais distintos
Cada um belo a seu modo
Ou será instinto?
Perco a fala
Minto
Não decido se quero
Nem qual delas
Muito menos se eternamente em vida
Ou por um milésimo de quase morte
Não decido entre uma música de Chopin e um quadro de Rubens
A irreverência de Carlitos e as teias do Homem-Aranha
Qual chamarei para uma dança ou se vou embora
Se insisto ou desisto
Vale a pena tanto esforço se a vida é em vão?
Se soubesse porque desejo talvez minha vontade controlasse
O que fazer?
Sou deslumbrado em desencanto
Canto porque a noite me persegue
E a solidão me nina
Alcançando meus medos do insólito
Menina, aqui jaz um poeta
E o desatino é libertar-me
Dentro desse pavilhão
Amanhã, o ritual
Perdido entre a massa
Sonho feito intelectual
Enquanto o tempo passa

Ateu Poeta
06/10/2008

15

MIL DIAS


Não, eu não te amo
Só quero viver a teu lado
Sonho calado
De cada um dos mortais
A imortalidade, se existir, é propriedade do Universo
Mas, quero fingir neste verso
Que se abriram os portais
Não somos frialdade
Estamos imortais
Último segundo de lealdade

Não, eu não te amo
Pois todo amor é prisão
Temos que ser livres
Que as dores cicatrizam
Viva, não se prive
Neste mero livro de neve
Ninguém se atreve
A desvendar a charada da composição fractal
Calibre teatral de muitas libras
Ancestral descrito em gestos da LIBRAS

Não, eu já disse
Não peças jura
Tanto empenho na tortura
Três peças no xadrez da usura
De um jogo sem lógica
Só quem ganha é Thanátos
Nem aqui nem na Bélgica
Se com sangue se banha
Neste último ato
Sou ator do desacato

Em batalhas gladiais
A vida é de fato uma fagulha
Não há fadas, só agulha
A penetrar n'armadura
Vamos ver quanto dura
Essa tua paixão
Vou te contar um segredo
Já nem mais tenho chão
Detenho asas de Eros
Vou voar por mil dias

Ateu Poeta
05/02/2009

16
CRIATURA

A vida é uma passagem só de ida
Arte sem criador
Quem vive é mero espectador
Do caos chamado Universo
Morrer, ávida partida
Estrangulamento da evolução
Por que sou homem, não pedra?
Viver: mera abstração do inanimado
Desarmonia embebida
Num pouco de higiene natural
O criador é a própria criatura
Natureza, que desventura essa de viver!
A proeza do pensar é que escraviza
Liberdade é não rimar

Ateu Poeta
23/05/2009

17

MATA ATLÂNTICA

Natureza, bela e precisa
Dela todos somos parte
Desde a existência
À humana arte
Natureza, simples e complexa
Sem valor agregado
É saúde, é agrado
A própria existência a ela está anexa

Temos uma ignorância
Profunda do natural
Construímos cidades
Destruindo a zona rural
Esquecemos as curvas de nível
Fazemos queimadas indevidas
Realizamos a pesca predatória
Matamos tudo em que há vida

Poluímos rios e mares
Vão-se as matas
Vão-se as flores
Pássaros engaiolados
Estão confusos os valores
O lucro faz miséria
Na qualidade de vida
Estresse é coisa séria

Fator de muita fadiga
Andamos tão cansados
E o clima tão alterado
Que nos causa intriga
A paisagem perde a graça
Concreto sobre a morta mata
Tudo podem os de gravata
_Que humanidade ingrata!

O que fica no lugar? 
Área de proteção ambiental
Nada substitui
Nada é igual
Mata Atlântica degradada
Carece replantação
Ecossistema sem cuidado
É dizer sim à extinção!

Ateu Poeta
2009

18
TÚNEL SOMBRIO

Túnel, lugar sombrio
A luz no final, se houver, é real?
Boa ou ruim? Não sei
A toda hora há a escuridão a atravessar
E se for o trem?
Valerá a pena prosseguir?
O mundo é uma caverna de Platão

Ateu Poeta
23/10/2011

19



Nenhum comentário:

Postar um comentário