quarta-feira, 23 de outubro de 2019

68-ORFEU MORIBUNDO

68-ORFEU MORIBUNDO

Sem você nem chego a ser um apenas
A metástase de um poeta sem pena, tinteiro ou lirismo
Zagreus em catarse, sem bacantes, Atenas ou violino
Anoitecer de um poema inteiro; não há quem cante

Sonhador sem guarida ou morfema
Ferida a sangrar no fonema andante
Lida de um Sísifo forasteiro; nada que acalante
Ícaro sem asas ao sol; ateu no inferno de Dante 

Tântalo em eterna sede dialética
Romano preso no pântano frente aos unos
Crasso a fracassar frente aos parcos
Queda de Saulo cego; sem ego ou parcas para prever

Atlas a jogar futebol com o mundo
Orfeu sem Eurídice, moribundo no arrebol 

Ateu Poeta
22/07/2012

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